quarta-feira, 24 de novembro de 2010

nada muda se o caminho é o mesmo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

10/11/2010

por vício
por medo
por vontade
por orgulho
por curiosidade
por tudo que é mais sagrado
e por nada.

que assim seja.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

num ritmo que não faço muita questão de entender, meus dias passam rápidos e lentos.
a sério é que não da pra levar essa zona que está meu quarto e minha cabeça. dois pares de chinelos dispersos no chão, um deles virado de cabeça para baixo e com a correia quebrada. dois copos de água pela metade, um deles com um inseto morto boiando. algumas dezenas de livros acotovelados esperando alguma razão para existir. de um armário velho e quebradiço peças de roupas também velhas e alargadas tentam fugir das gavetas que nunca se fecham completamente. sobre o armário bambo e quebradiço, artesanatos baratos que comprei em alguns poucos lugares que visitei. aqui do meu lado uma televisão que serve apenas pra disputar poeira com os livros. discos, cd´s, revistas, instrumentos de percussão, dois cavaquinhos, um deles sem corda e o outro desafinado, dois violões, um deles bom e o outro muito velho e sem corda. um abajur caído e com a lampada queimada. na parede algumas fotografias. e eu ainda estou aqui, achando graça do meu próprio tédio e achando bonita essa bagunça que no fundo se origina daqui de dentro de mim. hoje é dia de finados e está garoando como de costume. amanhã é quarta feira e não vejo a hora de chegar o próximo final de semana.

sábado, 23 de outubro de 2010

e cada dia tem passado como a força de um ano.

domingo, 3 de outubro de 2010

tudo se arrasta, se perde
tudo morre e nada tem fim
tudo se move, se molda, se muda
tudo gira fora e dentro de mim.

sábado, 18 de setembro de 2010

um absurso na minha realidade. (pra thiagão)

deixa eu te falar, tem uma hora que a brincadeira fica séria. tem uma hora que toda regra quebra e mostra a falha, e por mais atento e sóbrio que se seja, a surpresa um dia existe e chega perto.
e chega tão perto que toda a realidade se torna a mais absurda possível. deixa eu te falar, tem uma hora que o chão desaparece. tem uma hora que o infinito acaba e mostra a cara. e a cara do infinito é tão absurda e assustadora, que tudo desaba e começa a se refazer lentamente como se nada nunca tivesse existido. deixa eu te falar, só mais uma coisa, toda hora chega, toda hora passa, toda hora mata. e é tempo de doer o tempo que passou.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

segunda-feira

o horizonte estava esquecido por trás dos prédios com suas janelas embaçadas, por trás dos sons dos carros, para além dos rostos sem muita vitalidade e expressão. o cenário perfeito para o suicídio em massa. o lugar perfeito para se chamar de inferno. no primeiro momento senti como se uma camada de fogo e fumaça me empurrassem para as suas profundezas. por pouco, nas entrelinhas de um suspiro mais forte, brotou um pensamento, um pensamento que brota como uma flor no canto da calçada: a melhor coisa do mundo é se sentir em casa dentro do seu próprio corpo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

as coisas.

claro que é banal, mas me assusta demais a forma com que as coisas passam do plano do desconhecido para o plano do evidente como se sempre fossem o que são e o que foram, ao mesmo tempo. e ainda ao mesmo tempo parecem que não podem ser outra coisa: nem o que eram, nem qualquer coisa mais. podem ser tudo, mas não o são. podem ser qualquer coisa, mas só são o que são.

domingo, 15 de agosto de 2010

a vida é uma seqüência de cambalhotas.

algumas vezes a certeza é só o medo da dúvida,
por outro lado, a dúvida as vezes é só uma forma de fugir da certeza.


meu caso é mais um, é banal.

parece que tem um calo no meu coração. engraçado que tudo agora parece ironia. tudo parece uma engraçada mentira, e as poucas coisas que parecem verdadeiras, tornam-se monótonas e enjoativas. seria triste se não fosse ridículo e engraçado, mas a segurança é um tédio. acharia trágico se não fosse comigo, mas essa certeza, paradoxalmente, quase me mata do coração.


engraçado como esses dias passam como se fugissem de alguma coisa.




domingo, 20 de junho de 2010

além do mais, viver é estar pronto. seja vagando por corações mornos ou olhando para o espelho esperando o tempo passar. seja matando espectativas sentindo o sonho ser dissolvido, seja desacreditando de tudo e todos, seja lá como for. de qualquer forma, viver é estar vivo, estar pronto. e não há outra possibilidade que não seja caminhar nesse deserto a procura de alguma coisa valiosa. seja água, seja a morte, seja alguem para estar junto, seja deus, seja o nada, seja qualquer coisa. pois enquanto estamos vivos, estamos obrigatoriamente juntos, sozinhos e sempre prontos para viver.
agora sim posso sentir o tempo fazendo meu corpo e o chão tremer. agora sim já sinto a distância infinita desse lindo deserto entre eu e todas as coisas. um grande vazio de possibilidades. um grande e belo deserto.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

rotina

a rotina parece um relógio
o relógio me lembra o tempo
o tempo me lembra da morte
e a morte me lembra da vida.
a vida não me lembra nada
mas o nada me lembra a morte
a morte me lembra do tempo
que me lembra do relógio e da rotina.
tenho medo de esquecer da rotina
e esquecer do relógio
e não perceber o tempo
e de uma hora pra outra esquecer a vida.
talvez nem seja ruim
já que não se percebe
não se sente nem se lembra
mas tenho medo
porque gosto de perceber.

domingo, 30 de maio de 2010

depois que nada mais existe, exceto os dias, as horas e a vida, parece absurdo, mas tudo fica perfeito. porque de qualquer forma as coisas são perfeitas, estando cheias ou vazias de qualquer coisa. fico feliz por ter encontrado o limite das minhas mãos e dos meus pensamentos. fico feliz por entender que nada mais libertário do que perceber os limites e aceitá-los sem a pretensão de achar que as coisas estão sempre erradas, ou que sempre são insuficientes para o meu desejo. nada mais certo do que a decepção, porque vivemos sonhando e nada mais decepcionante do que a expectativa. a vida mata o sonho e o sonho mata a vida, e nesse assassinato cotidiano de sonhos e vida, eu vejo e admiro o vazio perfeito de existir.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

o bom de estar cheio é perceber que tudo é efêmero.

conversa de um grão de areia no meio do oceâno com o desnecessário

chega de falar do todo e de tudo
de falar do essencial e do invisível
de inventar leis e metáforas para leis
de rodear o evidente
de fingir acreditar no que já é e sempre foi.
a vida é estranha pra caralho
sempre foi estranha pra caralho
e vai continuar sendo.
e que se foda o infinito.

hahahahahahahahahaha...




quinta-feira, 6 de maio de 2010

o tudo é um instante, e não há futuro ou passado que prove o contrário. o tempo é pesado, quando passa parece que arrasta nosso corpo junto. mas a eternidade é leve e se desfaz como fumaça no ar. o longe é sempre mais perto do que se imagina, e tudo está aqui do lado, do outro lado do universo.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

coisas insignificantes.

em um dia comum de trânsito e comércio, ia andando pela sarjeta concentrado em não pisar nas linhas divisórias do chão de paralelepípedos. de um momento inesperado uma folha de árvore se desprendeu e aterrissou nas páginas esportivas do jornal do senhor atrás do balcão do jogo do bicho. esse, quase sem perceber, balançou o jornal e fez a folha cair sobre uma fileira organizada de formigas, que logo estavam desnorteadas e sem saber a quem seguir. mas logo em seguida um par de sapatos passou correndo apressado e fez o vácuo necessário para fazer a folha levantar um vôo breve e suficiente para aliviar um pouco a tensão das formigas, a princípio, azaradas. mais um pouco a frente, um dos sapatos distraídos e apressados tropeçou em um paralelepípedo sobresaliente e esbarrou os ombros em uma senhora ofegante gorda que tinha as mão cheias de sacolas de supermercado. as sacolas da mão esquerda (machucada após um tombo na escada de acesso ao quintal de casa), deixou os vidros de suco de caju espatifarem no chão. logo, o metro quadrado de paralelepípedos ao redor do acidente estava adocicado e cheirando a caju. com o barulho, o bicheiro se assustou e curioso levantou a cabeça do jornal tentando localizar a direção do barulho de vidro quebrando; algumas pessoas do comércio ao redor olharam também e viram o rapaz pedir desculpas à senhora gorda que não parecia satisfeita. mas sem estarem a par do acontecido, dezenas de pessoas passavam distraídas deixando pegadas adocicadas de suco de caju pelo quarteirão inteiro. ao anoitecer as formigas festejaram.

terça-feira, 13 de abril de 2010

por nada

por aqui as coisas acontecem certas, iguais e lentas. certas, iguais, lentas e estáveis, o que é ainda mais desesperador. por aqui as pessoas estão cada vez mais limpas e mais sérias. as ruas e as paredes mais civilizadas, mais simétricas, monocromáticas e tristes. mas o estranho é que, ao mesmo tempo , tudo é muito ameaçador. mas não é uma ameaça voraz, sanguinária, caótica (sim, existe essa também, mas essa é muito mais branda, posso garantir - essa sai no jornal, poucos sabem e todos esquecem). por aqui, a ameaça é fria, calma, matematicamente certeira. a ameaça aqui não é vermelha, não é nas sarjetas, não é na dor, não é na fome, não é na arte, não é na explosão, isso tudo já é óbvio demais pra ser ameaçador. a ameaça, por aqui, não tem cor, não tem cheiro, não tem nada. a ameaça aqui, - essa mesmo, que segura nosso passo e faz ele ser lento, triste e fraco ; essa mesmo que todo mundo conhece muito bem e não esquece em nenhum momento - não tem forma, não tem nome, não tem... não tem nada. e é disso que eu tenho medo: do nada.

terça-feira, 6 de abril de 2010

a lei do contrário.

todo o contrário daqui a pouco é lei
o oposto de tudo que pensou
o oposto de tudo que imagina
e tanta coisa que não era imaginada
de repente se torna vida, imaginação e regra
e repentinamente se torna tudo que nos resta
e todo o contrário daqui a pouco é lei.

segunda-feira, 1 de março de 2010

eu não quero correr para chegar a algum lugar
eu não quero ficar congelado sorrindo em uma fotografia
eu quero o tempo certo de cada infinito instantâneo
eu quero o que eu sinto

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

lição infinita nº1

de tudo um pouco
é muito de nada

lição infinita nº2

para sempre
um talvez
que nunca
começa

para nunca
um talvez
que sempre
termina

para talvez
um nunca
que sempre
existe

lição infinita nº3

um pouco de tudo
é um tanto de vazio
e talvez
um nada completo
repleto de sempre

lição infinita nº4

e para que exista o sempre
é preciso viver o nunca
como se nada fosse tudo
e tudo fosse para sempre talvez

lição infinita nº5

de tudo
um novo
que nunca
nem sempre
talvez

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

conversa de verão.
duas senhoras no ponto de ônibus no centro da cidade:
.
- ta quente né menina?!
- num é?! um calor diferente. deus me livre.
- o ônibus ta demorando hoje...
- a marta deve ta me esperando lá, tadinha. atrasei o almoço hoje, acabei perdendo a hora. ela vai sair e eu vou ficar com o vitinho. o menino cresceu, cê precisa vê. ta esperto o danado.
- ta estudando já?
- ta na creche. fica o dia todo lá. com a marta trabalhando agora né?!
- é... ta trabalhando ela, né?!
.
- e seu marido, tá bem?
- ta bem. hoje ele foi cedo lá ver o negócio da aposentadoria. se deus quiser vai dar tudo certo.
- se deus quiser! eu te falei que consegui? graças a deus, menina. demorou mas saiu.
- você disse. graças a deus.
.
- você viu no jornal de ontem que coisa triste? o filho que espancou a mãe pra roubar dinheiro. jesus do céu, que mundo é esse, meu deus?!
- deus me livre, vi não. tem tempo que não vejo jornal.
- esse mundo ta perdido .. é a droga né?! ta acabando com tudo.
- viu o filho de zefa? parece que ta usando crack agora também.
- tadinha de zefa com aquele filho dela. só deus mesmo.
- deus vai dar força pra ela, se deus quiser.
- a gente tem é que rezar muito, pedir muita força.
.
- acho que é o meu que ta vindo alí, num é? tchau, lurdes. fica com deus.
- tchau! vai com deus.

...

- que calor é esse, jesus? cadê esse ônibus que não vem?
agora as sombras já estão ficando amareladas e a noite não vai demorar muito pra chegar. depois as milhares de janelas que posso ver daqui vão começar a piscar todas em rítmos muito parecidos. vai ser uma noite quente e com vento fraco. as estrelas não vão aparecer, pois têm vergonha de se mostrar na claridade das nossas ruas perigosas. acho que a lua não vai aparecer também, e se aparecer ficará por trás de algum prédio. as avenidas devem estar paradas com pessoas enfileiradas e solitárias cada uma dentro de sua caixa isolante. outro tanto de pessoas devem estar se esfregando ou cochilando dentro de um ônibus parado esperando com a calma de uma rotina milimetricamente calculada o seu ponto, a sua casa, a sua família, a sua janta, a sua cama. alguns cachorros começaram a latir na minha rua e o bar da esquina começou a tocar música alta. é terça-feira, janeiro, verão.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

tudo que sei
é tudo que sinto
é tudo que acredito
é tudo que abraço.
o que não sinto
é tudo que não sei
é tudo um talvez
que eu não posso abraçar.
mas as vezes só penso
e consigo sentir
e mesmo sem ver
consigo acreditar
e saber
porque tudo que sei
é tudo que sinto
é tudo que acredito
é tudo que abraço.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

do que já não é somente só

as coisas mudam
continuam ligadas
opostas ou diferentes
e na mesma direção

as coisas parecem
se desligar e sufoca o coração
a mão molhada de suor
lágrimas ou saudades
do que já não é somente só

mas as coisas sempre continuam
de mãos dadas com as velhas vontades
mesmo longe da novidade
fazendo parte até da respiração

e como as coisas mudam e continuam mudando ligadas
eu me desligo

sábado, 9 de janeiro de 2010


às vezes quero andar sem pensar
mas o pensamento quer andar e pensar sozinho.
quero andar mais lento
mas o coração atormenta
com o mais simples sinal de repetição
e quando os olhos já não têm mais o que ver
pra quem olhar, algum motivo para fechar
o sangue ferve e a flor da pele desabrocha
o pensamento corre na frente
some da vista e eu não vejo mais nada.