segunda-feira, 28 de setembro de 2009

pensar em deus é desobedecer a deus
porque deus quis que não o conhecêcemos
por isso se nos não mostrou...

sejamos simples e calmos,
como os regatos e as árvores
e deus amar-nos-á fazendo de nós
nós como as árvores são árvores
e como os regatos são regatos,
e dar-nos-á verdor na sua primavera,
e um rio aonde ir quando acabermos
e não nos dará mais nada,
porque dar-nos mais seria tirar-nos mais.


(alberto caeiro)
só a natureza é divina, e ela não é divina...
se às vezes falo dela como de um ente
é que para falar dela preciso usar a linguagem dos homens,
que da personalidade às cousas,
e impõe nome às cousas.
mas as cousas não têm nome nem personalidade:
existem, e o céu é grande e a terra larga,
e o nosso coração do tamanho de um punho fechado...
bendito seja eu por tudo quanto sei.
é isso tudo que verdadeiramente sou.
gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.



(alberto caeiro)
falas de civilização, e de não dever ser,
ou de não dever ser assim.
dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
com as cousas humanas posta desta maneira.
dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
escuto sem te ouvir.
para quê te queria eu ouvir?
ouvindo-te nada ficaria sabendo.
se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
ai de ti e de todos que levam a vida
a querer inventar a máquina de fazer felicidade.




(alberto caeiro)
um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
ambos existem, cada um como é.


(alberto caeiro)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

autofagia.

tão livre e com tanto medo do óbvio
tão só e com tanto medo da solidão
tão junto e com tanto medo da multidão
tão pouco e com tanto medo do nada
tão tudo e com tanto medo do eterno
tão mau e com tanto medo do inferno
tão lento e com tanto medo do estático
tão louco e com tanto medo da loucura
tão rápido e com tanto medo do futuro
tão santo e com tanto medo de deus
tão sóbrio e com tanto medo da realidade
tão puro e com tanto medo da virgindade
tão cético e com tanto medo da relatividade
tão desapegado e com tanto medo da saudade
tão contraditório e com tanto medo da verdade.

domingo, 20 de setembro de 2009

liberdade é esquecer de estar preso.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

breguices de um coração desgraçado IV

hoje sonhei com você.

breguices de um coração desgraçado III

quando acordei no dia seguinte não lembrei nem se havia sonhado. foi quando pensei que a expectativa acaba com qualquer sonho (se ainda estiver acordado).

breguices de um coração desgraçado II

"eu não vou negar que sou louco por você. estou maluco pra te ver, eu não vou negar."


no meio da madrugada de ontem eu sonhei com você, acordei assustado e muito angustiado por saber que era um sonho e que você ainda estava longe. ofegante, levantei e fui até a cozinha beber um copo de água enquanto tentava relembrar o sonho. era algo óbvio, mas eu não lembrei. deitei de novo fazendo força pra voltar a sonhar o mesmo sonho. foi quando pensei que todos sonhos, por mais óbvios, bons ou ruins que possam ser, valem a pena se te fazem acordar ofegante e com o coração acelerado.

breguices de um coração desgraçado.

eu andava com medo de morrer de dor, e, ao mesmo tempo, tinha medo de que a dor não me matasse e só fizesse mesmo sofrer. desisti do amor! agora ando fazendo força pra não morrer de dor e de saudade e, além do medo de morrer e de não morrer, tenho medo de enlouquecer.

domingo, 13 de setembro de 2009

sinto muito
não sinto nada
sinto muito
não sinto nada
sinto muito
não sinto nada
sinto muito
não sinto nada

sinto muito por nada sentir.
em terra de cego quem tem olho é louco.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

sobreposição de paixões

é que na falta de certeza, prefiro um punhado de meias verdades.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

cinco horas da manhã

agora parece tarde, mas já é cedo.
de algum começo que não sei qual de algum pedaço que mordi e me desceu mal de algum amargo que temperei com sal de qualquer sábado domingo feriado nacional. de hoje em diante, de longe o bastante para esquecer e mudar o semblante por um pequeno estante que pareça verdade daqui para onde não sei a idade do mundo não sei se meu pé toca o fundo do mar ou de qualquer lugar que me faça esquecer de pensar e pensar e pensar e pensar e pensar. pode ser que seja daqui que recomece a sentir o gosto da vida da salada do almoço do osso roído aparentemente insosso mas a água já bate no pescoço e a maré vai subindo independentemente do meu esforço. se essa fruta tem caroço eu sou obrigado a morder mais fundo esperar secar cavar profundo plantar e semear algum fruto morder e achar saboroso.