segunda-feira, 30 de novembro de 2009

florilégio

flor
flora
floração
florada
floral
florão
floresta.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


cantiga de roda

sem lembrar
sem prever
sem achar o que vai ser
sem buscar, remoer
sem motivo
sem sentido
como tudo tem que ser.

domingo, 15 de novembro de 2009

movediço

o coração
além de não parar
precisa acelerar
e depois desacelerar
os pulmões
além de não pararem
precisam parecer pequenos
e depois funcionarem distraídos
o mundo
além de não parar
precisa congelar, derreter
anoitecer e amanhecer
as árvores
além de não pararem
precisam dar sombra
frutos e flores
as nuvens
além de não pararem
precisam chover
e formar desenhos
o pensamento
além de não parar . . .
não sei do que os pensamentos precisam.

aceitar o absurdo.

de perto, quando se olha distraído, sem muito foco, sem muita idéia do que se passa, tudo parece tão natural, que nem se quer imaginamos. de longe, sem sentir as variações de temperatura, sem sentir os calafrios, sem sentir a falta de ar, sem sentir taquicardia e sudorese, bem longe das noites acesas e das sensações mais movediças, as coisas não parecem tão devastadoras, e nada mais fazemos, a não ser imaginar. mas, quando se está dentro, sentindo a realidade roer os osso, quando os olhos passam a desconfiar, quando tudo passa a ser, de fato, possível, tudo o que resta é aceitar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

as coisas

era uma vez
um grupo de três
um era de vez
um pensava talvez
e o outro tinha certez

de vez
talvez
certez

quem sabe?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

o eco do silêncio

o eco do silêncio silencia. ciranda de escarros, marteladas, combustão. ciranda de gigantes que gritam e pulam de cabeça. as horas lentas e os anos correndo. dias quentes, noites claras e sem estrelas. nos meus pulmões já não cabem toda a minha pressa. horas lentas e vidas intactas, sem nem ao menos coragem de morrer. nos meus olhos já não cabem tantas cores. é tanto ruído que o silêncio grita. de tanta apatia só restou memória.

o eco do silêncio silencia, e uma música que nasce do silêncio é muito mais bonita.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

quadrado quadrado quadrado quadrado
retângulo quadrado retângulo quadrado
quina e cantos planos e canos quina e canos planos
eletricidade plástico eletricidade plástico fios e fios
barulho barulho barulho barulho barulho barulho
asfalto concreto asfalto concreto asfalto e concreto
cinza preto branco cinza branco preto cinza cinza
cinza cinza cinza cinza fogo fogo fogo calor calor calor
fogo cinzas fogo cinzas fogo cinzas fogo cinzas fogo cinzas
calor asfalto cinza quadrado retângulo calor concreto
calor concreto calor concreto calor concreto calor concreto
quadrado quadrado quadrado quadrado.