domingo, 17 de julho de 2011

quase nada

não é mais saudade o que eu sinto. mas também não posso dizer que não é nada. não é mais um incômodo ou uma angústia o que me arrasta. mas também não posso dizer que estou confortável assim. é como uma saudade de sentir saudade. é como uma dor que dói por não doer. é como uma ressaca de viver. é a conclusão de mais um fim que se finaliza por não caber mais dentro do abismo que nos separa. é o silêncio corrosivo que paira na deriva do ar após a explosão de uma bomba atômica. é a paralisia causada pela liberdade total. é o vazio de se ter tudo que sempre se quis. é um quase nada. acontece que hoje é domingo. acontece que estamos no inverno e era de se esperar que as árvores estivessem secas e os corações batendo mais calmos. acontece que minha alma nasceu na linha do equador, onde o coração vive quase saindo pela boca, onde a chuva inunda e o calor abraça. não sei lidar bem com o inverno. minha alma nasceu para viver inundada e meu coração nasceu para viver disparado. estou de malas prontas.