terça-feira, 29 de dezembro de 2009

continue lendo sem pressa e com muita atenção que estou te levando para dentro da minha cabeça. assim mesmo... continue. a qualquer momento vamos mergulhar e já estaremos dentro. não existe meio termo, ou se está dentro ou se está fora. continue lendo sem parar que quando menos perceber estará dentro da minha cabeça e talvez entenderá alguma coisa. a intenção é essa. eu não sei quando devemos mergulhar. não depende de nós. simplesmente acontece. continue lendo com calma. parece que está quase. está ficando mais forte, consegue sentir? não pare de l...

nada nada nada nada nada nada nada nada
vaziovaziovaziovaziovaziovaziovaziovaziov
brancobrancobrancobrancobrancobrancob
pretopretopretopretopretopretopretopret
coloridocoloridocoloridocolorido colorido...

tenho medo de que a vida seja um sonho
tenho medo de acordar e não lembrar de nada
e o pior é que nunca sabe-se quando um sonho vai acabar
mas um sonho sempre faz parte do real
mesmo assim, sempre é difícil deixar alguma coisa para trás.
sempre que se acorda, o sonho parece mentira
e o agora sempre parece mais verdade
então, teoricamente, eu não deveria sofrer
pois o único sofrimento sempre é a ansiedade
o único sofrimento é separar o sonho do real
eu não devia me preocupar com isso, eu sei
mas sempre é difícil mudar, acordar, esquecer
só espero que isso não me enlouqueça, me acorde ou me mate;
ou melhor.. não espero nada.

nada nada nada nada nada nada nada nada
vaziovaziovaziovaziovaziovaziovaziovaziov
brancobrancobrancobrancobrancobrancob
pretopretopretopretopretopretopretopret
coloridocoloridocoloridocolorido colorido...


voltou?
e aí?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

medo do medo

era uma vez uma criança
que chegou no parquinho e viu um escorregador
nele havia um monte de outras crianças escorregando sorridentes
parecia emocionante
e a criança, é claro, ficou com muita vontade de escorregar

mas quando sua mãe bateu os olhos nas crianças
descendo aquele escorregador a toda velocidade e caindo na areia
disse:

"vou ficar aqui sentada.
pode brincar na areia,
mas nem pense em ir no escorregador. é perigoso. "

a criança então obedeceu e ficou sentada na areia
mas com os olhos fixos no escorregador

enquanto isso, a mãe conversava ao telefone como se nada estivesse acontecendo.

medo

era uma vez uma criança
que chegou no parquinho e viu um escorregador
nele havia um monte de outras crianças escorregando sorridentes
parecia emocionante
e a criança, é claro, ficou com muita vontade de escorregar

correu e entrou na fila
esperou ansiosa
subiu as escadas de ferro
sentou no escorregador
olhou lá para baixo...
e sentiu medo

sentiu muito medo
mas não havia mais como voltar atrás
a fila estava cheia
e as crianças gritavam ansiosas na fila e empuleiradas na escada:

"desce logo, vai logo, rápido..."

ela respirou fundo
e com um só impulso
desceu de uma vez

sentiu um frio gostoso na barriga
e depois de cair sentada na areia
sorriu e voltou pro final da fila.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

rima besta

as coisas são muito suaves
ou rápidas demais
o sol sumiu e já é noite
tudo que era futuro ficou para trás

as coisas as vezes são lentas
não sei se por sorte ou azar
sei que não tenho muito controle
e as vezes prefiro não pensar

as coisas são terrivelmente comuns
e as vezes tão imprevisíveis
posso ligar a televisão e ver teletubies
ou morrer de ansiedade vendo o irã testar mísseis

tem dias que nem camomila me faz dormir
outros dias só acordo depois das duas da tarde
um dia pode passar inteiro sem eu nem perceber
e um segundo as vezes demora uma eternidade

as coisas são completamente loucas
e eu, idiota, ainda insisto em pensar, em querer saber
tem dias, por exemplo, que odeio rimas
e outros dias, sem mais nem menos, elas saem até sem eu querer









sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

por onde andam meus sonhos enquanto estou aqui parado sem nada poder?

podem estar andando pelas ruas tentando não pensar em nada ou trancados em casa com os olhos fixos na televisão. podem estar passando fome, sede, frio. podem ter sido violentados, sequestrados. podem estar sentados em um ponto de ônibus esperando a sorte e suas conseqüências breves. podem estar junto com notas fiscais no bolso da calça de ontem ou bêbados e sorridentes com novos amigos. podem ter sido atropelados. podem estar mortos. ou podem estar apenas me ignorando.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

outra ilha chamada quimera

não sei como vim parar aqui
as vezes gostaria muito de nunca ter pensado nisso
outras vezes me sinto muito esperto por pensar
as vezes acho que nunca pensei
as vezes tenho certeza
mas na maioria das vezes tenho dúvidas

uma ilha chamada quimera

não sei ao certo como as intenções saem ou chegam aqui
não sei bem como faço para lembrar ou para esquecer
as vezes tudo parece tão sob controle do acaso
outras vezes acho que tenho tudo sob controle
muitas vezes acho que sou um idiota
outras vezes tenho certeza