quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

chuva que não para. amores que não passam. tédio que não cessa. horas eternas em dias longos. anos que duram segundos. minha cabeça cheia de nada quase que explode. meu coração do tamanho do mundo não se cansa.

4 de janeiro de 2012. o que temos pra hoje? nada. vitória é uma ilha cercada por um monstro de no máximo 10 cabeças que a querem como uma criança dopada de ritalina.


domingo, 17 de julho de 2011

quase nada

não é mais saudade o que eu sinto. mas também não posso dizer que não é nada. não é mais um incômodo ou uma angústia o que me arrasta. mas também não posso dizer que estou confortável assim. é como uma saudade de sentir saudade. é como uma dor que dói por não doer. é como uma ressaca de viver. é a conclusão de mais um fim que se finaliza por não caber mais dentro do abismo que nos separa. é o silêncio corrosivo que paira na deriva do ar após a explosão de uma bomba atômica. é a paralisia causada pela liberdade total. é o vazio de se ter tudo que sempre se quis. é um quase nada. acontece que hoje é domingo. acontece que estamos no inverno e era de se esperar que as árvores estivessem secas e os corações batendo mais calmos. acontece que minha alma nasceu na linha do equador, onde o coração vive quase saindo pela boca, onde a chuva inunda e o calor abraça. não sei lidar bem com o inverno. minha alma nasceu para viver inundada e meu coração nasceu para viver disparado. estou de malas prontas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

um copo de água com um dedo de água parada a dois dias, uma luz fraca do poste entra bela pela janela entreaberta que troca ventos com a porta quase fechada. um caderno com dois números de telefones, cubos e vórtices desenhados sem muita consciência, restos de papel no espiral do caderno e um lápis com a ponta gasta sobre outra uma pilha de rascunhos. faz silêncio e frio. a luz do meu quarto queimou e a tomada que ligo o abajur está com mau contato. talvez o acaso esteja certo. talvez seja hora de deixar que as coisas aconteçam por si só. ou talvez não seja nada do que eu penso. talvez seja hora de não ter razão. já estamos no segundo quarto da madrugada e ainda não sinto vontade de deitar. na minha nova rua não existe muito movimento noturno, alguns ratos, baratas e cachorros compartilham um lixo molhado de chuva; o porteiro do prédio vizinho cochila diante das imagens mortas que oscilam nas câmeras de segurança. nenhum assalto, nenhum bar próximo, nenhum sinal de emoção a vista. talvez seja hora de deitar.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O tempo parado no ar. Cada um em seu devido quarto, ventiladores ligados, cobertores nas pernas, luzes dos corredores e das varandas ligadas, ruídos de eletricidade nos interruptores e na geladeira, portas entreabertas. Nos guarda roupas, roupas; alguns objetos pequenos, valiosos, remédios ou até dinheiro escondidos por debaixo das pilhas de roupas limpas. Cada quarto com seu cheiro próprio, com sua própria alma, sua própria harmonia. Alguns mais empoeirados e outros bem organizados; alguns vazios e outros entulhados de restos de memória. Compondo a atmosfera de cada cômodo, os corpos com suas respirações. Profundas, rasas, curtas, longas, silenciosas, barulhentas, delicadas, brutas, leves e pesadas. E, compondo a parte invisível de cada canto, os sonhos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

tarde da noite e mesmo assim está claro demais para ver estrelas. janelas piscando, poucos carros furando os sinais nas avenidas desertas. os corpos tentam não existir, seja em casa, nas ruas ou em qualquer outro lugar que a noite permita estar. pelas ruas vazias surgem melodias bonitas que saem dos bueiros quentes ou caem frias junto com o sereno. mentira, surgem apenas dos meus fones de ouvido. mas de qualquer forma, tenho que admitir, cidade é linda quando dorme.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O pior dos temporais aduba o jardim

(sergio sampaio)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

reflexão sobre uma metáfora muito doida

como disse um amigo, amor é igual piscina, só tem dois momentos bons, quando conseguimos um e quando nos livramos dele.
embora o mar seja uma coisa maravilhosa, as vezes tentamos cultivar uma piscina no quintal de casa. afinal, a segurança de poder se refrescar na hora que quiser é tentadora. mas a segurança também carrega, entranhada em si, o tédio, o trabalho e a ilusão. a piscina pode ser refrescante, mas falta a ela as ondas, a correntesa, o sal, a areia e o imprevisivel. a piscina pode ser boa, mas da trabalho, é preciso colocar cloro, aspirar.. com o tempo dará muito mais trabalho que prazer. portanto, repito, cultivar um amor é igual cultivar uma piscina. livre-se disso.